Trajeto de volta para casa: uma história de superação e esperança
Introdução
O trajeto de volta para casa é sempre embalado por lembranças, dos momentos felizes compartilhados entre família às brincadeiras com os amigos. Mas, voltar para casa com a certeza de que essas memórias ainda serão construídas pelos filhos, é melhor ainda, e é isso o que os Cestari, de Piquerobi (SP), estão prestes a viver.
No entanto, essa história de volta para casa não é uma jornada comum. É a história de Talita Ventura Cestari e Vinicius dos Santos Cestari, pais das gêmeas siamesas Allana e Mariah, que nasceram unidas pela cabeça. Desde o nascimento, a família enfrentou enormes desafios e lutas incessantes pela vida das filhas, com a ajuda de uma equipe médica multidisciplinar do Hospital das Clínicas (HC), ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP).
Este artigo conta a história dessa família corajosa e o incrível trajeto de volta para casa que estão prestes a embarcar.
O caso extremamente raro e as primeiras lutas
O caso das gêmeas siamesas unidas pela cabeça é extremamente raro, com apenas um registro a cada 2,5 milhões de nascimentos. Desde a descoberta dessa condição, o casal de pais decidiu lutar pela vida das filhas, mesmo recebendo respostas desanimadoras.
Inicialmente, o acompanhamento médico foi realizado no Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente (SP). No entanto, em busca de tratamento especializado, os pais decidiram deixar sua cidade natal e percorreram quase 500 quilômetros até o hospital ribeirão-pretense, referência no tratamento de casos como o das gêmeas siamesas.
Após meses de cuidados e preparações, o nascimento das gêmeas foi um momento de grande emoção e expectativa para toda a família. As gêmeas, Allana e Mariah, chegaram ao mundo no dia 9 de dezembro de 2020, e desde então foram submetidas a inúmeros procedimentos cirúrgicos e exames, na esperança de proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida.
Os desafios e a confiança na equipe médica
As cirurgias de separação das gêmeas siamesas foram um dos momentos mais desafiadores para a família. Foram quatro procedimentos cirúrgicos intensos, que envolveram traqueostomias, neurocirurgias e plásticas reparadoras. A cada ida ao centro cirúrgico, os pais enfrentavam uma angústia e preocupação indescritíveis, mas a devoção a Nossa Senhora Aparecida e a confiança na equipe médica trouxeram-lhes uma sensação de calma e esperança.
A mãe, Talita, sempre soube que o caminho não seria fácil, mas nunca perdeu a fé. Ela sabia que suas filhas teriam de passar por uma bateria de exames antes e durante o tratamento, mas nunca deixou de acreditar que tudo daria certo. Sua fé inabalável foi um pilar de força durante todo o processo.
O momento de superação e esperança
No dia 19 de agosto, a cirurgia final de separação das gêmeas siamesas teve início e durou cerca de 24 horas. O procedimento contou com uma técnica inédita: a utilização de células-tronco retiradas da bacia para a reconstrução dos crânios das irmãs. Essas células-tronco foram preservadas em um tanque de nitrogênio líquido a -196 graus Celsius por quatro meses, até o momento da cirurgia.
Esse foi um dia marcante na história dos pais e de toda a família. A recuperação das gêmeas após o procedimento foi surpreendente. Em apenas 52 dias após a cirurgia, Allana e Mariah puderam deixar o hospital em Ribeirão Preto e retornar para sua cidade natal, Piquerobi (SP).
A recepção em casa
A volta para casa dos Cestari em Piquerobi está sendo aguardada e celebrada por toda a comunidade. No momento da chegada, um ato de acolhida será realizado pelo padre Altino Brambilla junto à comunidade local. Em seguida, a família percorrerá as ruas da cidade sob a escolta da Polícia Militar e da Ambulância Municipal, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida acompanhando todo o percurso.
O trajeto terminará na Praça da Matriz, onde a família receberá uma bênção especial. Para os Cestari, essa recepção é um momento de grande significado, já que eles se afastaram de sua cidade para cuidar das gêmeas e agora voltam com a esperança de um novo ciclo em suas vidas.
Continuidade do tratamento
Apesar de estarem separadas, as gêmeas Allana e Mariah ainda precisam continuar seu tratamento na cidade vizinha de Santo Anastácio (SP). Elas retornarão a Ribeirão Preto de tempos em tempos para realizar exames e acompanhamento médico.
Essas gêmeas, agora separadas, continuam unidas na persistência e na luta pela vida. A história delas é uma inspiração para todos nós, mostrando que a força, a fé e o amor podem superar os obstáculos mais difíceis e nos levar de volta para casa.
Conclusão
A jornada dos Cestari e de suas filhas siamesas Allana e Mariah é um testemunho de coragem, esperança e amor incondicional. Essa família enfrentou desafios inimagináveis, mas nunca desistiu de lutar pela vida de suas filhas. O trajeto de volta para casa, que está prestes a ser vivido, representa não apenas uma conquista pessoal, mas também uma conquista para toda a comunidade que apoiou e se uniu a eles durante essa jornada.
Que a história das gêmeas Allana e Mariah seja uma fonte de inspiração para todos que a conhecem, mostrando que, mesmo diante das adversidades, é possível encontrar a esperança e criar um futuro cheio de alegria e oportunidades.
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