Consulta pública decide a transformação de escolas estaduais em colégios cívico-militares no Paraná
Uma consulta pública realizada em 127 escolas estaduais do Paraná decidiu que 82 delas serão transformadas em colégios cívico-militares a partir de 2024. A comunidade escolar teve a oportunidade de participar da votação, que ocorreu nos dias 28 e 29 de setembro. Além dessas escolas, a cidade de Dois Vizinhos, no sudoeste do estado, também realizou uma consulta nesta quinta-feira (30) devido a um feriado municipal comemorado na terça-feira, e o resultado ainda não foi divulgado.
A participação na votação foi aberta a professores, funcionários, pais de alunos matriculados na instituição e estudantes maiores de 16 anos. A lista oficial das escolas que adotarão o novo modelo será divulgada pelo Governo do Paraná após a publicação do resultado em Diário Oficial. Atualmente, o Paraná já conta com 194 colégios estaduais cívico-militares e, no próximo ano, serão incorporadas mais 12 unidades do modelo nacional.
O modelo cívico-militar no Paraná
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR), o modelo cívico-militar adotado nas escolas paranaenses combina elementos da gestão civil com a presença de militares da reserva inativos na administração e na rotina escolar. Essa proposta visa promover a disciplina, cidadania e respeito nas instituições de ensino, além de oferecer um ambiente seguro e propício para o aprendizado dos estudantes.
Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), que representa os professores estaduais, é contra esse modelo e argumenta que não existem provas de que o ensino cívico-militar seja efetivo. Segundo o sindicato, a transformação das escolas em colégios cívico-militares pode trazer prejuízos à educação, desvalorizar os profissionais da área e restringir a autonomia pedagógica.
O debate sobre a efetividade do modelo cívico-militar
O debate em torno da efetividade do modelo cívico-militar é amplo e tem dividido opiniões. Defensores do modelo argumentam que a presença de militares contribui para a disciplina e a hierarquia dentro das escolas, além de proporcionar um ambiente seguro para os estudantes. Eles acreditam que o exemplo e o acompanhamento dos militares podem ser positivos para a formação dos jovens, ajudando no desenvolvimento de valores como responsabilidade, respeito e trabalho em equipe.
No entanto, críticos do modelo apontam que a militarização das escolas pode afetar a liberdade e a autonomia dos alunos, além de reforçar uma hierarquia rígida e autoritária. Eles defendem que a educação deve ser baseada no diálogo, na participação ativa dos estudantes e na construção coletiva do conhecimento, valores que seriam comprometidos com a presença militar. Além disso, questionam a falta de evidências científicas que comprovem a efetividade desse modelo em relação à melhoria da qualidade do ensino.
Considerações finais
A transformação de escolas estaduais em colégios cívico-militares no Paraná tem gerado um intenso debate na sociedade. Enquanto algumas pessoas enxergam na militarização uma possibilidade de promover a disciplina e a segurança nas instituições de ensino, outras questionam os impactos negativos desse modelo na autonomia dos alunos e na qualidade da educação.
Independentemente das opiniões divergentes, é fundamental que as discussões em torno desse tema aconteçam de maneira democrática, garantindo a participação de todos os envolvidos na comunidade escolar. É importante que as decisões sejam embasadas em estudos e pesquisas que considerem tanto os aspectos positivos quanto os desafios e possíveis consequências da implementação do modelo cívico-militar nas escolas.
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